quinta-feira, 24 de junho de 2010

Something.. not so good.

E, mais uma vez, fiz merda. Isto está a tornar-se repetitivo. A Sombra avisou-me e eu hesitei. Hesitação, em terra de gente muito rodada, quer dizer: tanso! E pronto. Sou-o. Bem jogado, do outro lado. Mais uma lição aqui p'ró menino!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Efeito da Sombra.

The Shadow effect: aqui está, mais ou menos bem descrita. Com alguns comentários infelizes, como o do Deepak Chopra, que associa a homossexualidade a pedofilia.. Enfim.. deve ter sido a Sombra dele a falar..

Ainda assim, estes são os objectivos deste território virtual. Olhar para dentro. Prescindir da máscara, da personna, abraçar o meu lado reprimido e que me tem consumido.

Como hoje estou particularmente cansado, tenho medo de me expor. Mas bem preciso.

Tenho pele velha, que já não me leva a lugar nenhum, a não ser ao mesmo de sempre, do passado que eu já não quero ser. Mas o medo dessa abdicação faz-me manter ainda agarrado à pele já a cair, e recear muito a pele frágil que se constitui em seu lugar. Largar os padrões antigos.

A vida tem-me dado prendas maravilhosas. Incentivos à mudança. Mas a minha Sombra exige-me que olhe mais para dentro, pois ainda não estou preparado para ser o novo que quero ser. Ainda me agarro, com medo da rejeição, aos padrões que me rejeitam. Conscientemente desprezo-os, revoltam-me, metem-me nojo: prova, portanto, que ainda fazem parte de mim. Quando forem só constatações da realidade do mundo e eu for capaz de a observar apenas, estarão resolvidos. Enquanto me irritarem, me ferirem o ego, o sentido de mim; enquanto o outro for ameaça e eu persistir em erguer muros de protecção contra os seus ataques (quando na verdade as muralhas que ergo são para conter em mim o que não quero que mais ninguém saiba) - estarei a perpetuar-me no tempo nos padrões de repetição de sofrimento.

Quero reconhecer a minha Sombra, convidando-a a ter a minha atenção. Por isso continuo aqui, agora, com pessoas a lerem-me, falando para ela, sob o olhar de outros. Exercício de exposição mas também de exibicionismo. Os perigos são muitos. São da Sombra. A ver se me aguento à bronca.

domingo, 20 de junho de 2010

Arritmias do ser.

Holyfuck, Sombra.. Holyfuck!!!!

Prenda em mãos.

Heart's a mess
... and I said yes!

I must have done...

... something good.


Quando a música me surpreende, do nada. E quando volta a fazê-lo. Como beijos no timming  certo..

Estandarte.

Eis-me chegado aos 36 e feliz. Feliz.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Interlocutor, out.

E assim se contaram duas semana. De virtual. De palavras a mais. De engano final.


Estás no Porto. Planos de ir passar fim-de-semana a Lisboa. Foste esmagado como uma formiga. 


Estou tão sereno, que nem acredito. 


João out.

Ciúme.

Tenho andado um caco. Não durmo, como mal e a más horas. Ando obcecado e obsessivo com o trabalho e com outras 'situações' muito dentro de mim. Como se não fosse suficiente, tenho os nervos em franja e qualquer merdice me tira do sério. Estou irascível, impossível!

Por dormir mal, pensei que tinha um acidente ainda hoje no regresso ao Porto, de tão cansado que estava depois de 4 horas consecutivas a trabalhar.

Com todas as minhas alterações de humor e algumas queixas, lá me deram um comprimidinho para as ansiedades que tomei assim que cheguei a casa. Mas não antes de, acometido por mais um rasgo de ciúme, ter decidido afastar da minha vista um 'casalsinho irritante do FB' inventado pelo dito cujo ciúme.. Tencionava fazê-lo inocuamente, sem ninguém dar por nada, ocultando-os. Activei o bloqueador, que me avisou que vetaria qualquer contacto com  o dito duo. Era o que queria, para poder ter algum descanso e fazer o meu último trabalho. A merda é que, e só o percebi horas mais tarde, não só mos bloqueou como mos desamigou. Acto falhado.

Com um deles estou-me nas tintas, mas como o outro é o meu interlocutor dos posts anteriores, o acto falhado pode vir a tornar-se muito doloroso.

Já o avisei do acontecido. Mas tenho um feeling, para meu grande temor, que a coisa se fodeu de vez.
Logo agora, que parecia estar a começar.. e que só havia uma palavra ainda por dizer.. que o gelado já pingava..

Valha-me Flaubert, que espero que me perdoe..

terça-feira, 15 de junho de 2010

Heurística sensorial.

Tenho andado a constatar que, a cada dia que passa, a base da minha percepção da realidade está a alterar-se. Tenho flashes de imagens na minha cabeça que se sobrepõem à imagem real, sem no entanto perder esta do primeiro plano. No decorrer duma conversa, geralmente enquanto escuto (e não o contrário), salta-me à visão uma imagem completamente descontextuaizada do que se fala. Acredito ser percepção e não construção da minha própria imaginação porque tenho que recuar, literalmente, para observar.

Vi isso numa conversa recente com uma amiga. De repente, não pelo que ela dizia (mas talvez por causa do que as suas mãos faziam), à minha frente estávamos os dois num intenso entrelace sexual. A intensidade era tal que, aliada à surpresa, me fez recuar na cadeira. Por segundos observei, questionei, rejeitei, senti e terminei. Esta parte deixou-me tranquilo. Quando, na minha mente afirmei: pára!, parou. Não sei que expressão seria a minha, mas não notei grande diferença no seu olhar, por causa do meu.

Hoje ao almoço, com um amigo que conheço muito bem e que começou uma relação recentemente, durante o seu discurso, novamente: imagens. A cara dele transmutava-se: por momentos não o via a ele, mas ao outro. Aqui, acredito ser outro fenómeno: o da diferença, do contraste. Conheço-o tão bem, e todas as sua micro-expressões, que percebi, em vez delas, o contágio da novidade do outro. Mas não foi só isso: pareceu-me ver o outro, literalmente. Também nesta instância tive que parar, abrir bem os olhos e recuar. Disse-lhe o que tinha visto. Ele, bem, aí foi ele mesmo!!

Estas transmutações interseccionistas nunca se tinham revelado tão óbvias. Mas não são estas as que mais me perturbam. Talvez porque tenham imagem, e eu lido bem com isso.

As que não consigo processar são as sensações internas, sem imagem tridimensional, mas com informação. As que me parecem acontecer em tempo real, por me sentir ligado a outra pessoa. Não têm substância, não se ouvem ou vêem, sentem-se, muito debilmente mas com muita certeza.

Estas não consigo distinguir se são percepção ou projecção da minha imaginação. E, como tal, tiram-me o centro. Mas só o fazem quando são intensas, como se eu estivesse a sentir o outro, distante; não exactamente o quê, mas a perturbação, não os contornos mas o borrão. Um borrão sensorial, isto é o que sinto. O borrão de gestos começados mas interrompidos; de vontades geradas mas reprimidas; de desejo de comunicação barrado. (mesmo agora, quando escrevo, sinto uma resistência interna a fazê-lo, como se não mo fosse permitido, como se não devesse, mas, ao mesmo tempo, tendo de o fazer, porque o espaço e o tempo entre este post e o anterior está a ser demasiado longo, exasperante! - tenho sensações físicas como o desacelerar da digestão, a leveza da cabeça e a iminência do desmaio, aliados a um lacónico 'despacha lá esta merda duma vez!')...

Sinto-me ridículo. Mas o ridículo é território da Sombra, território heurístico. Tenho que o percorrer.

sábado, 12 de junho de 2010

O miúdo que dava explicações de matemática.

A noite passada, perdi. Porque não sou forte o suficiente para me deixar conduzir pelo tempo. As horas matam-me, como numa canção de Heine que terei de cantar em Julho. Acho que esta batalha com o tempo do amor ainda está no adro. O fantasma omnipresente da rejeição ainda me domina. As instabilidades naturais da vida são-lhe insuportáveis. Se não lhe dão segurança mínima e o que ele quer, assume que não é querido. E mais uma vez, conseguiu que assim fosse.

Da minha perspectiva, estes constantes actos de auto-sabotagem, acabam comigo. Pode ser que o tempo recupere o que se perdeu ontem. Não sei. Do que de mim depende está claro o que precisa ser trabalhado: to go with the flow. Again, isso exige estabilidade do ser. A paixão não ajuda, mas nela se testam os guerreiros. A distância e o contacto espaçado, só pioram. Parte do teste do guerreiro. Chumbei, com o comentário didáctico: és um miúdo.

O que é certo é que acabei por sonhar com ele.

E ali estava: lindo, o miúdo; cinco anos. Com uns olhos verdes. Cabelo escorrido. Olhar doce. Gestos suaves. A explicar o que parecia ser matemática ao outro miúdo: franzino, magro, tímido, muito quieto do outro lado da secretária e um pouco afastado dela, que mal se deixava ver, e que tinha um olhar que parecia saber tudo o que se lhe explicava (ou nada..), mas deixando o outro explicar de qualquer modo. Acho que não era a matemática que ele aprendia. Acho que ele aprendia o miúdo. O miúdo nem se apercebia disso, e continuava, deslumbrante,  generoso, preocupado com o outro, sem o confrontar muito com o seu olhar verde. A cena ficou assim na minha memória, como uma fotografia, a desgastar-se no tempo.

(Eu nunca percebi muito de matemática, apesar de ter sempre as melhores notas. Que explicaria eu, de algo que sei tão pouco?)

O sonho continuou. Lembro-me de meias enterradas na areia e pouco mais. Mas houve mais.



Tenho que continuar a trabalhar para compreender melhor porque panico com a iminência da rejeição, principal tarefa da profilaxia da minha Sombra.

Para conseguir sincronizar-me com o tempo e poder ser um.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Flaubert

Muito recentemente, por causa da trepidação que vivo com o interlocutor do post anterior, apareceu-me na cabeça, de repente, do nada, o apelido do Gustave. Fora a referência ao nome e à Bovary, nunca soube nada dele. Nem li. Nada. Mas o certo é que o pensamento foi: Flaubert.. A intenção ficou, passiva.

Hoje de manhã, em Guimarães, no café do costume, apeteceu-me ler, enquanto tomava o pequeno almoço, para o qual tinha preparado tempo. Coisa pouco usual. Do caixote de livros disponíveis comecei a vasculhar as possibilidades e de imediato um me saltou à vista "O papagaio de Flaubert". Agarrei-o e, uma vez regressado à mesa, comecei a folheá-lo.

Deu-se o bizarro. As minhas mãos começaram por abrir o livro e logo de seguida os meus olhos direccionaram-se automaticamente para determinadas passagens: 'A vida, a vida. Ter erecções'; '(...) que encontrara, desde o rapaz dos banhos egípcios até à menina do bordel'.. Continuaram as mãos em modo autónomo a escolher as folhas a abrir e os olhos a lerem de imediato excertos de aparência coincidental: 'A educação sentimental'; Vitor Hugo; Baudelaire; George Sand; Flaubert, Flaubert, Paris, Flaubert.. os casamentos, os filhos mortos, os muitos amigos homens, a insinuação da homossexualidade, um amigo em particular cujo nome esqueci..'A minha vida é uma necrologia'. Perda, morte, desejo, sexo, palavras, palavras, palavras.. As minhas mãos e olhos continuavam e sabiam o que queriam e onde encontrar. Limitei-me a observar.

Sensação de prazer na descoberta, como a inevitabilidade com que Flaubert supostamente afirmava: 'não escrevo. sou escrito'. Associação interna de ideias e conclusão inevitável: a insolente comparação de, pelo menos, duas destas figuras com pessoas recentes na minha vida. Comparação instintiva: Flaubert - o meu interlocutor parisiense. George Sand: a única pessoa que comenta este blog.

E eu? Quem seria eu ali no meio? Não percebi. Mas a sensação de analogia remeteu-me para um tempo de estimulo e de paixão pela vida. Por momentos senti a potencialidade das reencarnações, senão literais, pelo menos arquetípicas.. A semelhança nos turbilhões emocionais das suas vidas. A semelhança das Sombras..

'A educação sentimental': requisição de leitura da minha Sombra.

domingo, 6 de junho de 2010

Dia suspenso.

"depois de me levantar muito cedo e de dormir muito pouco, e de passar o dia sem conseguir percepcionar o 'real' por causa do medo de 'o' não ter tido contigo, caí exausto no chão da sala num sono também exaurido, mais ou menos pela mesma altura em que acordaste..

como o meu chão quer já, irracionalmente, ser o teu, devo ter adormecido com o pingar dos teus beijos.

ainda estou a tremer, agora ao ler-te, estremunhado, com dificuldade em voltar a estar em mim, que grande parte já voo para aí.. em total irreverência pela minha autoridade.

pinga regularmente neste email, enquanto não o fizermos com a voz, os beijos que suamos um para o outro, só para que se me não trema o 'real' em demasia.. peço-to.

para que quando chegar o dia 3D, as nossas almas possam recoincidir naturalmente com os nossos corpos.

Beijos livres - de que não te livras também - que te querem."

sábado, 5 de junho de 2010

Resistência.

Está a ser difícil começar isto. Estou a forçar-me. E eu sempre fui gajo de diários, registos, notas para mim mesmo. Tenho alguns cadernos com isso pelos armários: dos moleskins aos de inspiração oriental.. Mas perdi o hábito. E blogar sempre me pareceu um conceito estranho. Mas como este é novo e ninguém conhece, pode ser que por uns tempos seja só meu, e portanto, me dê tempo para me ir habituando.

A ideia de o abrir é-me relevante. Sexualidade. Homossexualidade. Lidar com espaço interior, onde resido eu e a minha Sombra.

A minha Sombra. A ela dedico este território. Para sua expressão: para a sua profilaxia. Da origem das pulsões vitais, que normalmente se associam ao negativo em nós. Das pulsões que, por reprimidas, crescem em intensidade até explodirem e rebentarem connosco.
Tenho aprendido na prática (porque na teoria é fácil), e nos tempos recentes, que o que associamos ao negativo de nós pode muito bem ser o que de mais positivo temos. Mas porque incompreendido é temido. Temido, reprimido. Reprimido, fodido.

Ora eu quero ser fodido. Mas não por mim próprio. Que disso, já chega!

Daí este diário. Que vá servindo para dar voz à minha Sombra, se for capaz. Esta, que agora escreve, não é ela. Mas ela está atenta e desconfiada. 'Pode ser bom demais', pensa. E pode ter razão.

A ver se tenho tomates. Para que ela seja eu, e não outro - estranho e beligerante.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Aberto

Não curto Bloggs. Tinha de ter um. Ainda não sei que se passará neste território. A ver.